segunda-feira, 16 de maio de 2011

A saga da amamentação - Parte I


Pensei em contar como foi minha experiência com a amamentação porque ela foi bem difícil (e é difícil mesmo para a maioria das mulheres). No primeiro mês, meu marido ficou com tanta pena que me pediu para desistir. Não desisti, mas cheguei bem perto disso. Queria tentar até o meu limite por causa dos benefícios da amamentação, tanto para o bebê, como para a mãe.
Quando eu estava grávida fiz um curso maravilhoso de gestantes que, além de nos preparar fisicamente para o parto e pós-parto, nos orientava emocionalmente. A queridíssima professora, Ana Flávia, organizava sempre palestras para nos informar sobre tudo relacionado ao parto, aos cuidados com o bebê e à amamentação.
Lembro bem que tive duas palestras com uma enfermeira maravilhosa chamada Luzirene, que falou minuciosamente sobre a amamentação e principalmente sobre a sua dificuldade. A Luzirene sempre dizia que ela própria havia passado por tantos obstáculos que achava a amamentação mais penosa que o próprio parto normal.
Como eu estava bem informada a respeito, pensei que não passaria nem por metade dos problemas, mas guardei o telefone da Luzirene, que foi a minha salvação.
O Henrique nasceu forte e saudável e não teve dificuldade para pegar o peito. Tive bastante colostro e o leite desceu com tudo no terceiro dia. Aí que começou o problema.
O corpo fica descompensado no começo porque não sabe ainda qual é a demanda de leite que precisa produzir. Então produz muito mais quantidade do que o bebê recém-nascido consegue mamar. Se fosse só pensando no leite (e esquecendo os outros problemas), acho que toda mulher deveria ter gêmeos porque cada um mamaria de um lado e estaria resolvido o problema.
Então eu estava muito feliz porque eu estava amamentando e tinha muito leite. Parece que tinha me esquecido das palavras da Luzirene: “cuidado quando o peito enche demais”.
Com uma semana de vida, levei o Henrique ao pediatra e ele já tinha engordado bastante. Estava muito forte e o pediatra elogiou a minha produção de leite. Uns dias depois comecei a sentir um cansaço além do normal e muito frio. Só queria ficar deitada e mal conseguia levantar da cama. Por sorte eu estava com uma senhora em casa para me ajudar, a Dona Marli, que achou melhor eu verificar a temperatura: 39º C. O peito estava duro que nem pedra, quente, todo vermelho e doía muito.
Resolvi chamar a Luzirene que, muito atenciosa, foi o mais rápido que pode. Depois de me avaliar ela disse que eu estava com mastite, uma inflamação nas mamas. O leite empedra, não consegue sair e infecciona tudo por dentro, uma dor horrorosa.
Comecei a tomar antibiótico imediatamente e a tirar o leite empedrado com massagens muito doloridas e ordenha – um processo muito sofrido por causa da infecção. Nesta semana a Luzirene foi todos os dias na minha casa para me ajudar e avaliar a recuperação. Durante esse período eu não conseguia fazer mais nada, só amamentar o Henrique e no restante do tempo fazer massagem e tirar o restante do leite. Tudo muito doloroso. Se eu não tivesse a Dona Marli para cuidar do Henrique, teria desistido de amamentar.
Depois de um mês, a situação estabilizou e comecei a amamentar sem sofrimento. A partir daí, comecei a desfrutar deste momento tão especial que estreita ainda mais a relação entre mãe e filho. Olho para trás e vejo que valeu a pena cada esforço.

Dicas para prevenir a mastite:

- Para amamentar a mulher precisa repousar (não sei como), se alimentar bem e tomar bastante líquido;
- O bebê já mamou e continua sobrando leite? Trate de massagear e tirar o leite que sobra (quase sempre isso acontece). Esse cuidado é muito importante nos primeiros dias de amamentação;
- O leite parado no peito pode endurecer e virar um prato cheio para as bactérias, causando a mastite, uma inflamação seguida de infecção que atinge as glândulas mamárias. Trata-se de uma doença oportunista que costuma ocorrer cerca de duas semanas após o parto;
- Mastite é diferente de ingurgitamento, que é um processo natural de endurecimento das mamas, o famoso empedramento (também pode dar febre). Na mastite as placas de leite não são desfeitas e ordenhadas, o peito fica vermelho e muito dolorido. A mulher sente dores musculares, febre alta e náuseas. A única saída é tomar medicamento com orientação médica;
- A mastite não impede o aleitamento materno. Amamentar até faz parte do tratamento, assim como as massagens para facilitar a saída do leite empedrado.

Cada mulher tem o seu limite para amamentar. Não critico quem desistiu. Tenho uma grande amiga que teve mastite e o peito feriu muito. Insistir na amamentação para ela significava deixá-la péssima, quase em depressão. Então ela parou e começou a dar mamadeira. Foi ótimo para o filho porque ela ficou bem e então pode cuidar dele melhor. O que é melhor, amamentar ou não? Depende da situação. A mãe tem que estar bem e amamentar sem sofrimento. Do que adianta amamentar e ficar em depressão, sem poder cuidar do filho direito? Ser mãe vai muito além da amamentação. A mulher não é menos mãe porque não amamentou o filho. E se a mulher não conseguiu amamentar por seis meses conforme o indicado, ela fez o melhor que pode. O tempo que o filho foi amamentado no peito, seja ele qual for, já trará muitos benefícios para o filho.

6 comentários:

Angi disse...

Telma,
Adorei!
Amamentar sem dúvida é o melhor para nosso bebê, mas concordo que a mãe tem que estar bem! No inicio, foi complicado a amamentação por n motivos, tinha bastante leite, e ainda tenho. Faço questão de amamentar, faz muito bem para nós dois. A relação mamãe e bebê é outra, claro que quem não consegue, ou não quer amamentar, também tem uma relação, mas é que normalmente quando se dá mamadeira pode ser qualquer um, o pai,mãe,vô,vó,tio,tia,amiga...daí imagino que o bebê não relacione aquele ato com a mãe, sei lá, nem vou falar muito para não apanhar de alguém...hahahaha
Entendo quem desiste, pois eu também quase desisti, mas quem não quer dar porque diz que vai cair os peitos, eu não entendo....enfim!
Agora vou te esperar, hein? Onde tu mora mesmo?
Beijos queridona
bjs no Henrique lindo

Simone disse...

Oi!! Agradeço sempre pq consegui amamentar sem nenhum problema! Coisa rara né, pois sempre escuto as dificuldades das minhas amigas! Mas confesso que to na expectativa de dar papinha p/ Daniel, pois já quero ele bem adaptado quando for p/ creche. Mas não vou deixar de amamentar. Cade a visita de vcs?? Bjs!

Fabrisia Garcia disse...

Oi Telma, sempre me identifico com os seus textos. Eu tb tive mtos problemas na amamentação. Lembro que em varias noites pensava em desistir. Mas resistia sempre a tirar as mamadeiras da caixa. E qdo recebia aquele sorrizinho de satisfação do bebe, tirava forcas lá do fundo e continuava. Meus mamilos ficaram 2 meses na carne viva... Mas passou, e Hj acho uma delicia dar o mamazinho do Davi!
Um grande Bjo
Fabrisia

Unknown disse...

Telma amiga querida! Vim te visitar, retribuir o novo post que fez em meu blog e aproveito para dar-te parabéns pela lição de amamentação! Não deve ter sido uma boa experiência, mas valeu cada gotinha de leite!

Sobre sua manifestação, sinta-se em casa lá no blog, ele será sua segunda casa! Soube da menina de 2 anos que caiu na piscina. Tanto que na semana seguinte a esse triste episódio a escola em que Sophia estuda me chamou para conhecer a piscina em que era realizada as aulas de natação. Sobre as demais fatalidades, confesso que não fiquei sabendo.

Sabe Telma, aíe entram duas coisas que devemos parar e pensar: se somos mães e algo acontece com nossos filhos, viramos feras, somos capaz de qualquer coisa; se isso acontece longe dos nossos olhos, em lugares em que depositamos todas as nossas confianças, isso se tornam 1000 vezes pior!
Agora, imagina para a escola, que a única coisa que ela luta é por ter um bom nome, e em segundos, PLUFT ela "acaba"?!! Sobre as situações em Brasília, houve negligencia, fatalidade por parte da escola; sobre o menininho da escola da Sophia, houve fatalidade, negligencia por parte dos pais (???????). Difícil né!?

Telma ... adoro seus textos! Me sinto como se te conhecesse pessoalmente, e há muito tempo!

Beijos,


www.monmaternite.blogspot.com

Unknown disse...

Olha nós aqui outra vez!!!
Que coisa deliciosa!! Eu iria adorar conhecer você e o Henrique!! provalvelmente passarei todo o final de ano por Curitiba ... ficarei ansiosa em conhecê-los!!! EBA!!!
Sobre a cama, Sophia está com 2 anos e 3 meses, e achei que já estava na hora, mas se bem que como está esfriando por aqui, todas as noites penso: vou colocar o berço novamente ou deixá-la dormir comigo por causa do frio!!! Mas preciso me desgrudar dela, estamos muito juntas, ela nem quer mais saber do papai! Me sinto péssima! O berço ficava no nosso quarto, então me sentia mal até para namorar, huahuaahua!!

Beijos

www.monmaternite.blogspot.com

Unknown disse...

Nossa como foi bom ler esse post!
Eu não consegui amamentar tive pouco leite e tinha que complementar com mamadeira o Edu cansava muito pra mamar por causa do coraçãozinho dele então não ia cansar ele 2 vezes mas confesso que me sinto culpada. Amamentar foi um sonho que não pude realizar!

Beijos