Em várias oportunidades, já expressei o meu amor pelos animais e, principalmente, pelos cachorros. Não tenho dúvida de que o cão realmente é o melhor amigo do homem. Só quem já teve um pode entender. Acho até que a companhia dos cães é melhor do que a de muitas pessoas. Cachorros são crianças que não crescem nunca! Eles são puros, fiéis e nos amam incondicionalmente. Eles nos amam mais do que a si próprios! Tenho quase certeza que eles têm algum tipo de alma, ainda que mais simples que a nossa. Acredito também que existe um céu canino para onde eles vão um dia. Por falar em céu, essa é a única parte difícil de ter cães, pois eles vivem muito menos que os donos... E ninguém está preparado para perder seu animal de estimação.
Não tive nenhum cão na minha infância porque minha mãe não deixava. Eu não entendia, mas hoje eu compreendo e respeito. Ter um cachorro não é para qualquer um. Para mim é quase uma decisão de ter um filho. Requer muito amor, dedicação, paciência e abdicação. Como eu era frustrada por nunca ter tido um cão na minha infância, decidi ter um assim que eu tivesse minha própria casa.
Não planejei. Um dia, eu estava andando perto de casa com minha irmã e passamos em frente a um pet shop. Lá tinha uma bolinha de pêlos minúscula, embaixo de uns buldogs também filhotes. Minha irmã disse: “Olha, Telma, que fofo!” Fomos até lá e nos apaixonamos pela Nina. Era uma shitzu de 2 meses, quase toda branca, mas com algumas manchas caramelo. Linda! Não tive nenhuma dúvida, comprei a Nina, a cama, a ração, a vasilha de água, brinquedos... Sai de lá endividada e feliz! Só não imaginava o tamanho do amor que surgia naquele momento.
Com a Nina no carro, liguei para o meu marido e disse que tinha uma surpresa: “Eu acho que você vai ser papai!” Ele quase morreu de susto e também de decepção porque achava que eu realmente estivesse grávida. Ele já queria filhos, e eu não...
Levei a Nina para casa e lá começou minha vida de mãe. Eu cuidava com todo zelo e amor. Quase morria de preocupação quando a deixava sozinha em casa. E se acabar a água e ela ficar com sede? E se alguém abrir a porta e ela sair correndo? Pior, e se for atropelada? E se ela ficar triste de tanta saudade? Igualzinho uma mãe pensa...
A Nina fez aflorar em mim o instinto materno. Descobri que havia um amor muito grande dentro de mim para cuidar de alguém. Também observei que eu seria uma mãe neurótica e superprotetora. Eu tinha tanto medo que acontecesse algum mal que eu a protegia demais. Nunca a deixei ser independente. Era só no meu colo ou na coleira. Se ela estivesse sem coleira, poderia sair correndo para sei lá onde e acontecer o pior: sumir, ou ser atropelada. Eu tinha pânico! Estou me esforçando para mudar esse meu jeito de ser...
Quando a Nina estava com quatro anos e meio, tomei uma decisão nada fácil. Ela tinha uma doença autoimune que a deixava com feridas horríveis na pele. Eu jamais poderia cruzá-la porque essa doença passa para os filhotes. Quem tem um cão assim deveria ter a responsabilidade de nunca cruzar para que a doença não passe adiante. Essa doença da Nina era difícil de controlar. Eu fazia tratamentos longos, por três meses, com injeção, comprimidos, remédios fortes (e caros). Ela ficava bem uns meses, mas depois voltava e eu começava tudo de novo.
O veterinário havia sugerido a castração. Assim, ela também ficaria mais forte, pois o cio sempre abaixa a imunidade. Eu sempre protelei essa decisão. Qualquer cirurgia sempre representa um risco. Até que um dia criei coragem e marquei a cirurgia. Um bom veterinário, com a anestesia mais segura, exames pré-cirúrgicos, tudo certinho.
Foi o pior dia da minha vida. Não esqueço o telefonema que recebi da clínica. Estava demorando muito e eu já estava muito preocupada. Eu ligava e nada. Até que recebi o pior telefonema de todos. “Telma, aqui é da clínica”. “Nossa, que bom! Já terminou? Está tudo bem com a Nina?” “Não, Telma, infelizmente, ela não aguentou a cirurgia...” “Não me diga que ela morreu?! Nããããããoooooo!!!” Cai aos prantos... Parecia um pesadelo.
Foi um dia horroroso e muitos dias difíceis em que fiquei deprimida. Achei que minha vida tinha perdido a graça... Chegar em casa era uma tristeza. Sempre eu abria a porta e esperava vê-la abanando o rabo com um brinquedo na boca. Então, eu passei meses abrindo a porta triste. Não conseguia me acostumar com a ausência dela.
Tão difícil superar essa dor... Eu não estava preparada para perdê-la. Ainda tinha que conviver com a culpa de tê-la levado para a cirurgia. Achava que era responsabilidade minha. Perder um cão jovem e saudável, por causa de uma cirurgia que foi decisão minha. Foi um peso difícil de suportar.
Algumas pessoas (que nunca tiveram cães) tentavam me consolar, sem compreender o tamanho da minha dor. “Compra outro cachorro”, diziam. Para mim aquilo era o fim. Como assim outro cachorro? Outro cachorro não seria a minha Nina! E a Nina era insubstituível!
Com muita fé e muito apoio da família e dos amigos, superei a dor. Mas tomei uma decisão de nunca mais ter um cão. Para mim a perda foi tão dolorosa que não quero passar por isso outra vez.
Graças a Deus, no mesmo ano que a Nina morreu, engravidei do Henrique. Pude, então, colocar em prática todo esse amor materno que existia em mim. Afinal, a Nina era só um estágio de como ser mãe. Ter um filho de verdade é muito mais prazeroso!
Só que o Henrique ama cachorros. Ainda não decidi o que vou fazer no futuro. Realmente acho que nunca devemos dizer “nunca mais”. Quem sabe um dia, o Henrique poderá ter o seu cachorro. Desde que já esteja grande para cuidar dele e assumir a responsabilidade de ter um cão!
Nina, tenho certeza que você está no céu canino. Não esqueço do amor que você me deu e do amor que fez surgir em mim! Muito obrigada por ter sido meu cãozinho! Acho que você foi embora para que o Henrique viesse. Obrigada por me ensinar os primeiros passos de como ser a mãe do Henrique. Quem sabe era um anjinho me observando e me ensinando a ser mãe?!
Esse blog é sobre maternidade, e a minha começou com a Nina. Por isso, decidi dedicar um post só para ela! Homenagem merecida, não?!
12 comentários:
Ai Telminha, estou em prantos aqui... Que saudades da Nininha... Sempre lembro dela, e marquei na minha agenda o dia em que ela foi embora, para rezar por ela e agradecer porque ela, sem dúvida alguma era sim um anjinho. Imagino o quanto deve ter sido difícil pra vc escrever este post lindo. E mais que merecido. Nina, a gente vai te amar pra sempre. Beijos
ai amiga!
to debulhada em lágrimas, eu te entendo e sei o amor e a dor que é ter cachorros, a dor de perdê-los, é demais, e insuportável!
tenho certeza que tem um céu dos cachorros tb, e o meu Tofi está lá tb!
boa sexta feira, adorei o texto, apesar de triste!
bjocas
OI telma,
Hoje mesmo postei sobre minha shitzu, a Babalu. Eu também a tive antes da Eloise, e acho que foi um preparo o cuidado que tive com ela, só quem tem cachorros entende, não é mesmo???
Sinto muito pela Nina, eu posso imagimar sua dor. Mas acho que você deve abrir seu coração para uma nova vidinha sim, o Henrique vai gostar muito, veja lá no meu blog as fotos da Elô com a Babalu, é de se apaixonar.
Bjos
É muito triste mesmo, por isso depois que meu Elvis (gato) sumiu, eu nunca mais quis saber de animais. Mas ai apareceu a Tequila (gata) e eu a adotei! Mas hj ela está na minha mãe, pois o marido e a Maria tem rinite. Sou louca e amo animais, mas não aguentaria perde-los...
Mil beijos e fica bem!
Oi Telma! Me emocionei muito com esse post, porque eu tenho uma shit-su, a Manuela. Ela tem menos de 1 ano e está com pseudogestação, ta sofrendo tadinha. O veterinário indica a castração, mas eu morro só de pensar na barriguinha da minha "bebê" cortada! Realmente, ter cachorro não é pra qualquer um. É um amor muito grande! A saudade é eterna, eu sei pq tive um cachorro na infância que ficou comigo por 14 anos, a gente não esquece nunca! Qualquer hora passa no meu blog pra conhecer minha Manu!! Beijos
Telma, mais uma coisa que temos em comum, assim como vc eu também amo cachorros! Fui lendo seu texto e me deu uma tristeza de saber o que vou sentir, assim como vc sentiu, quando minha maluquinha, a Lola, nos deixar... nem gosto de pensar nisso... deve ser muita dor mesmo...
Bjs
Sil
É a primeira vez que visito seu blog e ler a historia de amor entre você e a Nina, me fez pensar na história de amor que vivo com o Kindim e com a Cacau. Dois Yorks que amo demais e que me ajudaram muito para superar a peda da minha filha Olívia! Estou escrevendo este comentário com lágrimas nos olhos pois sei que meus melhores amigos vão partir primeiro que eu (é a ordem natural das coisas, mesmo que ela não se aplique na minha vida!). Já me peguei chorando várias vezes só de pensar que um dia vou ficar sem eles e isso me machuca muito. Eu entendo perfeitamente sua dor e seu amor, pois eles nos amam sem querer nada em troca. Não se importam com roupas caras, rações de primeira linha e nem com brinquedos caros, somente querem nos amar e serem amados!
Tenho certeza que a Nina esta no céu canino e que esta muito feliz! Quem sabe ela não envia um cãozinho assim como ela para amar o Henrique?
(desculpe o tamanho do comentário!)
Beijokas e bom fim de semana
Roberta
http://estamosjuntoseoqueimporta.blogspot.com/
amiga, sei bem oq passou, meu cachorro morreu mes passado. ele ja na vivia comigo, pois mudei de estado e o deixei com minha mãe, ja q ele era mais apegado a ela mesmo e seria maldade separa-los. mesmo estando um tempo longe dele me deu um dor no coração qnd soube q ele partiu... é como se fosse alguem da familia, e era mesmo
Oi amiga, linda e emocionante a sua história... muito triste..
bjos
fabrisia
Linda história!!
Perdi minha cachorrinha quanto ela tinha 18 anos!!Uma vida juntas....foi muita tristeza!
Agora temos um gato, um persa chamado Onix...e confeso que idéia de passar por tudo de novo me perturba demais!!
bjos
Também passei por isso....tinha uma cachorrinha linda ....
Fiquei tão triste que depois dela não quis mais cachorros... sempre que lembro dela me bate uma saudades enorme! Bjoooo
Telma, agora que sei que você gosta de cachorro, quero convidá-la para ler um texto num blog de uma amiga. Eu adorei aprender com os cães. Beijo
http://parlor-parlor.blogspot.com/2011/08/aprendendo-com-os-caes.html
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